O vídeo é uma ferramenta de marketing cada vez mais poderosa no mundo digital, sendo que desde 2011 que esta forma de consumir conteúdos é a preferida dos internautas. Para ter uma ideia, espera-se que em 2020 o vídeo represente cerca de 80% do tráfego total da internet.
Como tal, torna-se essencial para as marcas e para os marketeers acompanhar as várias tendências de vídeo que vão surgindo. Uma das tendências mais surpreendentes que surgiu em 2015 foi a tendência do vídeo vertical.
De certo de que ainda se recorda de há bem pouco tempo os vídeos verticais serem considerados quase um atentado ao universo do vídeo. Havia sempre aquela pessoa que gostava de repreender todos aqueles que estivessem a filmar algo com o telemóvel na vertical.
O argumento era bastante válido: o vídeo em modo de paisagem era mais adequado para a maior parte das plataformas, sendo também o modo mais natural para o ser humano de olhar o mundo. Afinal de contas, temos os olhos lado a lado e não um em cima do outro. Tudo isto foram argumentos incontestáveis até há alguns anos.
No entanto, com o advento da crescente utilização do smartphone, cada vez mais vídeos são gravados na vertical, estando também o público cada vez mais predisposto para o consumo deste tipo de vídeos. Considera-se que a tendência se consolidou em 2015, aquando do pico de popularidade da rede social Snapchat.
No Snapchat todas as fotos e vídeos são feitas na vertical, ocupando toda a extensão da tela do telemóvel. Esta aplicação foi a prova de que faz todo o sentido utilizar a totalidade do ecrã dos smartphones para o consumo de conteúdos audiovisuais.
Hoje em dia, outras plataformas de media social como o Facebook, o Twitter e o LinkedIn entenderam esta realidade e têm trabalhado no sentido de acompanharem as tendências e de serem cada vez mais mobile friendly. O mobile first tem-se manifestado, assim, ao nível da programação das plataformas, mas também ao nível da criação de conteúdos - que são cada vez mais direcionados para o consumo em smartphone.
O vídeo vertical é um formato completamente direcionado para o mobile e, por isso, é um formato em que se tem investido bastante. A BBC revelou, no final de 2017, que a sua implementação de vídeos verticais ao longo do ano foi uma aposta ganha. A emissora criou uma secção de “vídeos do dia” na sua app, com vídeos verticais.
Esta secção causou um aumento de 30% nos visitantes do site que entravam para consumir vídeos. Por outro lado, o número de vídeos visualizados por cada visitante também aumentou 20%, o que revela que, de facto, os vídeos verticais conseguiram criar um engagement superior com os internautas.
O vídeo vertical é mais envolvente nos dispositivos móveis por uma razão muito simples - os utilizadores dos smartphones não colocam os seus smartphones na horizontal 94% do tempo. Ou seja, a posição natural do telemóvel, e também a mais confortável, é a posição vertical. Várias análises estatísticas vêm também revelar que a otimização dos conteúdos de vídeo para os smartphones economizam milhares de euros às marcas e acabam por ser mais eficazes.
Antes de criar qualquer conteúdo de vídeo, precisa então de pensar qual a finalidade daquele conteúdo, qual a rede social ou website onde o vai colocar e como as pessoas o vão consumir. O ideal para quem quer atingir público que está no smartphone é criar vídeos verticais nativos para determinadas redes sociais e evitar sempre os cortes. O terror da era das barras negras tem de ficar no passado e as potencialidades dos vídeos verticais têm de começar a ser celebradas.
Como é óbvio nem todo o tipo de assunto pode ser abordado com este formato, sendo que, por exemplo, o movimento horizontal nunca deve ser captado em formato vertical, uma vez que estas ações rápidas são desconcertantes para o público e fazem reduzir o seu campo de visão. Por outro lado, os ângulos baixos e altos adquirem uma força maior no formato vertical.
Os princípios básicos de composição fotográfica continuam a aplicar-se ao vídeo vertical - como a regra dos terços e a criação de áreas de segurança. Contudo, deve existir uma preocupação diferente: deve sempre tentar encontrar elementos verticais que justifiquem a utilização do formato (como, por exemplo, pessoas de pé ou sentadas, edifícios, árvores, montanhas ou girafas).
Acima de tudo, não tenha medo de arriscar e de fazer um vídeo disruptivo, sempre que o mesmo esteja inserido numa estratégia de mobile marketing consciente, robusta e criativa.